O coordenador do Centro Avançado de Terapia de Suporte e Medicina Integrativa (CATSMI) e oncologista clínico do Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, Dr. Ricardo Caponero, esclarece as principais dúvidas sobre os cuidados paliativos. O especialista é autor dos livros “A comunicação médico – paciente no tratamento oncológico”, Editora Summus, e “Cuidados Paliativos, conversas sobre a vida e a morte na saúde”, em coautoria com a psicóloga Vera Bifulco, pela Editora Manole.
1 – O que são os cuidados paliativos?
Há muitas definições possíveis para o termo. A mais ampla é aquela que define que os cuidados paliativos são utilizados quando o tratamento já não funciona mais e quando não há uma possibilidade de cura. Aí incluiríamos o diabetes, hipertensão, reumatismo, demência, e quase todas as doenças que não sejam alguns traumatismos, além de doenças infecto-parasitárias.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) restringiu o termo aos cuidados ativos, multiprofissionais e integrados para pacientes que sofrem de doenças que limitem sua perspectiva de vida. O objetivo principal é a prevenção e a detecção dos sintomas, com o objetivo de promover a melhor qualidade de vida para os pacientes e seus familiares.
Isso nada mais é do que a própria atividade médica. O que muda é o objetivo, que deixa de ser a cura, buscada a todo custo, para ser a melhor qualidade de vida possível.
2 – Muitas pessoas acreditam que os cuidados paliativos só são adotados quando não há mais como tratar a doença. Isso é verdade ou há outras aplicações?
Há uma frase atribuída a Hipócrates que diz que a medicina cura algumas vezes, melhora muitas vezes, mas consola sempre. Mesmo quando a cura é improvável, sempre existe a possibilidade de fazer algo, ainda mais quando há tempo hábil para tal. Esperar até os momentos finais de vida é perder muitas oportunidades. Por isso, quanto antes iniciamos os cuidados paliativos, em conjunto com tratamentos que possam modificar o curso da doença, mais sucesso teremos.
3 – Como orientar o paciente sobre os cuidados paliativos?
Conversando de forma franca, honesta e bastante clara sobre seu diagnóstico, prognóstico, tratamentos disponíveis, benefícios esperados e potenciais complicações que possam surgir. Isso depende, muitas vezes, de mais de uma conversa.
4 – Como orientar os familiares sobre os cuidados paliativos?
Da mesma forma que é feita aos pacientes. O paciente tem o direito de ter suas necessidades de informação atendidas para que ele possa fazer suas opções de forma adequada. Para os familiares o cuidado é na avaliação e intervenção em situações disfuncionais, ou seja, problemáticas.
5 – Além do câncer, os cuidados paliativos são adotados para outros tipos de doenças?
Sim. Para todas as doenças onde exista a perspectiva de um abreviamento da duração da vida. Isso inclui doenças pediátricas, doenças neurológicas degenerativas ou doenças cardiovasculares, por exemplo.
6 – Existe um período pré-determinado para os cuidados paliativos?
Quando falamos sobre o assunto e fazemos com que as pessoas pensem sobre sua qualidade de vida e seus desejos na aplicação da tecnologia disponível, estabelecendo limites para intervenções em seu corpo, já estamos fazendo cuidados paliativos. Esse é o lado preventivo, a educação para questões de saúde, de vida e de morte.
7 – Quando a equipe médica decide adotar os cuidados paliativos?
Infelizmente, ainda é muito comum que os cuidados paliativos sejam indicados tardiamente. O ideal seria iniciar os cuidados em conjunto, desde o diagnóstico, para todos os pacientes em que não houvesse a possibilidade de cura.
“Hoje vemos que muitos pacientes sofrem com sintomas mal controlados, com limitações funcionais, estresse e muitos outros problemas que persistem mesmo naqueles que julgamos ter curado”, acrescenta Dr. Caponero. Por esse motivo, no Centro Especializado em Oncologia do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a proposta vai além dos cuidados paliativos. “Nossa proposta é oferecer o melhor cuidado em todo o curso da doença para os pacientes e seus familiares. Por isso criamos o Centro Avançado em Terapia de Suporte e Medicina Integrativa – CATSMI, com o objetivo de oferecer tratamento multiprofissional integrado, incluindo procedimentos complementares, que têm adequada comprovação científica.”
